segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sobre uma mulher

    Muito boa noite, meus caros! Sejam bem-vindos à minha humilde moradia! Por favor, fiquem à vontade, façam de conta que estão em suas próprias casas!
     Hoje a noite será especial, um pouco diferente. Mostrarei a vocês não um poema, mas dois! Ambos tem como protagonista uma personagem chamada Amélia. Nos poemas, vocês poderão observar a presença de vários temas: Amor, vidas passadas, culpa, autodepreciação, solidão, misantropia e reflexões filosóficas. Bom, vamos aos poemas. Espero que gostem.

                                     AMÉLIA



Cortejada foi por um estranho
Que dizia ser-lhe familiar
Contudo ela achava incomum
Pois dele não conseguia lembrar

Seus modos eram nobres e gentis
Seguidos de discursos formais
Que falavam sobre um passado sombrio
Que não estavam escritos nos anais!

Culpada por não lembrar do crime
Nada lhe resta a não ser dar o perdão
Para aquele que foi seu cruel algoz
Aquele que ofertou-lhe seu coração

Séculos de inatividade geram
A mais poderosa das amnésias
Eles produzem a mais poderosa
De todas as conhecidas anestesias

Curam dores que vivem n’alma
Também apagam as elegias mais belas
No interior de um frágil corpo
Encontra-se agora uma confusa donzela!

O que o cavalheiro ignora é o fato
De o sangue ser mais vermelho na neve
E que o fardo que ele carrega
É bem menos oneroso, é suave e leve

Ao ouvir toda a história
Que o gentil homem lhe contou
Sua alma foi profundamente tocada
Lágrimas doces ela derramou

Desta vez não haverá erro
Pois seus caminhos são diferentes
Assim como suas crenças, ações
Corpos e almas principalmente

Então adeus! Eles acenam soturnos
Envolvidos por uma paradoxal alegria
O sofrimento da dúvida enfim acabou

Junto com o “até breve” de todo dia!


      O JARDIM SECRETO DE AMÉLIA



                                  Mulher no jardim (Monet)

Solitária, uma rosa rubro-negra desabrocha
Em um vergel situado nos confins do nada
Para completar seu aspecto tricolor
Pela luz do plenilúnio é iluminada

Na escuridão ela não mais se encontra
O níveo luar não a abandonará
Porém esta rosa não pode ser vista
Já que ninguém a encontrará

Ser algum poderá ver a serenidade
Do rosto da donzela que a vigia
A frágil dona deste peculiar jardim
Jamais conduzirá alguém até lá como guia

Entretanto isso não será necessário
Este jardim não proporciona nenhum prazer
A rosa é bela todavia enjoa-se dela
E ninguém por muito tempo a quer

Neste solo que há tempos fora profanado
Não há mais resquícios da maldade alheia
Muitos não sabem, mas esta rosácea nasceu
Duma semente de bondade fertilizada pela lua cheia!

Não é necessário saber a origem
Deste doce e suave perfume delicado
Basta apenas que pouquíssimos dele se encantem
Que por um ínfimo tempo possa ser apreciado!

O vento noturno sopra delicadamente
Fazendo a rosácea dançar a valsa da solidão
A donzela emociona-se ao apreciar o espetáculo
Realizado em um teatro de finita vastidão

E nesse local ela ainda permanece
Suas pétalas delicadas tremulando fragilmente
Sob o olhar da meiga e sorridente donzela
Que dela prometeu cuidar eternamente.



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