sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

PRÓLOGO
   Uma figura está a olhar o céu noturno, através de uma janela localizada no alto de sua morada. Através dela entram os níveos feixes lunares, iluminado timidamente o recinto e uma mesa. Em cima destas, alguns objetos simples porém deveras úteis para registra seus pensamentos, sentimentos e reflexões: várias folhas de papel , uma pena e um vidro de nanquim. Pode parecer pouco, mas é o suficiente: ela não deseja muito mais do que isso para ser feliz.
    Os olhos  deste ser não es tão a mirar a lua e as estrelas; nem mesmo seus pensamentos estão aqui. Eles estão imersos nas mais filosóficas correntes, afogando-se em questões metafísicas, envolvendo os sentimentos de apego que o ser humano tem por insistência em nutrir. Inclusive ele mesmo.
     Eis que seus devaneios são interrompidos e então aos poucos ele retorna de forma definitiva a este mundo físico. Direciona-se lentamente à sua mesa, pega da pena, mergulha  no vidro de nanquim e começa a escrever no papel os resultados de seus  pensamentos de agora há pouco. Com a frenética velocidade com que escreve, em poucos minutos este escrito ficará pronto. E de fato não demora para que isso ocorra.
     E assim que ele termina a última palavra do poema, alguém bate à sua porta. Ele levanta-se, caminha até a janela e observa o exterior de sua residência. Há um grupo de pessoas, velhos conhecidos que sempre vem visita-lo, entre eles uma conhecida poeta que sempre vem visitar sua modesta morada. Sorrindo, ele pega a folha recém-rabiscada e desce as escadas com um leve sorriso em seu delgado rosto, disposto a mostrar seu trabalho recém-criado para os seus ilustres visitantes.

FIM DO PRÓLOGO

      Boa noite, meus queridos! Sejam bem vindos mais uma vez. Desculpe se demorei a atender, é que me encontrava bastante ocupado: estava a escrever um poema. E é ele que desejo ler para vós, é um reflexão minha acerca do sentimento conhecido como saudade, que para mim é uma espécie de apego ao passado. Aqui está, vou lê-lo agora.

                             A MORTE DA SAUDADE


Uma prisão da qual não se deve sair
Uma dor que não se deve sentir
Uma idealização que não existe
Um momento que não persiste

Que ele continue sempre inativa
Inerte como é, fiel nativa
De uma terra de inércia letárgica
Eterna e sorumbaticamente apática

Que os já sofridos glóbulos oculares
Não se apeguem a imagens tumulares
Que os farão viver uma ilusão
Oriunda de uma nociva idealização

Que a paz possa permanecer
Sem que a razão tenha de perecer
Que a tumba não seja mais visitada
Que toda a angústia seja deletada

Que não haja mais o passado
Que o futuro não seja pensado
Que o rio da vida sempre corra
Para que a realidade não morra!

         Espero que tenham gostado e que nós possamos juntos refletir sobre esse sentimento chamado saudade, palavra que sempre inspirou os artistas e sempre despertou fortes lembranças e discussões entre muitos pensadores.

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